15 novembro 2007

A importância do prévio levantamento dos fatores de tempo envolvidos nas pesquisas, criações, desenhos, montagens do projeto básico[1] e de efeitos


Outro fator de extrema relevância para que o todo do trabalho de iluminação de palco possa atingir seus objetivos práticos e artísticos com qualidade e competência é a determinação de uma agenda clara de trabalho.
As fases de pesquisa e criação subjetiva da iluminação devem decorrer, de preferência, anteriormente e durante o período de ensaios dos espetáculos. É nessa fase que os designers ainda podem efetuar mudanças de concepção de luz e acompanhar as mudanças que ocorrem na direção e na produção. Com o espetáculo “fechado” pela direção, automaticamente, diminuem as chances de modificações estéticas dos outros profissionais criativos envolvidos na montagem. Isso somente deve acontecer em casos especiais, como por exemplo, mudanças de última hora dos locais de apresentação e quando fatores orçamentários exigirem forçosamente outras adaptações.
Outro passo que deve ser respeitado para um maior aproveitamento do fator tempo é a atitude prática do designer junto à direção do espetáculo, assessorando tecnicamente o diretor, coreógrafo, ensaísta, regente etc., na escolha correta de determinados efeitos de iluminação que estão dentro das condições mínimas de planejamento e execução dos trabalhos. Essas informações devem ser repassadas constantemente, o que propicia soluções rápidas e eficazes.
A fase do desenho é intermediária entre as fases de pesquisa e criação e a fase de execução dos projetos, podendo demandar alguns dias ou algumas semanas, dependendo das ferramentas disponíveis para sua execução e publicação e da quantidade de informações. Espetáculos cuja iluminação seja bastante complexa podem demandar mais tempo de execução dos desenhos. Designers que utilizam ferramentas digitais para simulação e desenhos de plantas e planilhas conseguem criar seus desenhos já durante as fases de pesquisa e criação, o que, além de contribuir para um ganho maior de tempo na execução final dos desenhos (que já estarão quase completamente prontos na fase final da direção do espetáculo, esperando apenas pelos últimos retoques), contribuem, muitas vezes, com a própria direção do espetáculo, criando imagens realísticas dos efeitos que servem de apoio visual na concepção das cenas.
Nas fases ulteriores de execução do projeto básico e de efeitos especiais, os designers devem estar atentos à soma de todas as condições oferecidas e realizar um estudo detalhado, buscando adequá-los ao tempo disponível para a montagem. Nas montagens que utilizam apenas um único espaço em grandes temporadas, a preocupação é menor do que naquelas de caráter nômade, ou seja, que “pulam” de espaço em espaço em temporadas curtas, às vezes até em fins de semana. Essas últimas demandam uma agilidade maior nas montagens e, por isso mesmo, um aparato técnico e apropriado em todos os sentidos, dadas as dificuldades que podem surgir em espaços de tempo bastante curtos.


[1] Denomino aqui projeto básico, como todas as estruturas e equipamentos convencionais utilizados pelos designers de iluminação.

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