14 novembro 2007

Estudos das idéias e mensagens principais da obra

A análise dos objetivos de expressão emocional dos autores, diretores, coreógrafos etc., contribui para que o designer “reforce” essas idéias através de manipulações da linguagem visual da luz em cena.
O comportamento dos atributos expressivos da iluminação, quando elaborados a partir de conceitos que trabalham paralelamente às idéias dos autores e de direção dos espetáculos, favorecem as sensações e sentimentos embutidos na proposta.

Para fins de realismo a iluminação cênica capta da realidade somente aquilo que é mais importante para identificação por parte do público. E o que é mais importante? Há vários fatores que intervêm no que diz respeito à luz: a cor, a direção, o sentido. São fatores determinantes, tanto do ponto de vista de quem faz, como de quem vê. As inúmeras combinações que podem ser feitas a partir destas variáveis (e suas variações internas), permitem diferenciar um efeito do outro e obter impressões diversas de realidade (CAMARGO, 2000, p. 52) [1].


Na criação e desenvolvimento das cenas, o diretor e os atores se empenham em transmitir determinadas idéias que determinarão os níveis emocionais do público. A iluminação trabalha sobre esses complexos contextos criados a partir dos textos ou roteiros direcionados pelo diretor, coreógrafo, encenador etc., do espetáculo. O designer de iluminação precisa “conhecer” essas profundas intenções e transformá-las em linguagem visual dentro desse contexto. Para isso, ele deve ter em mente que todos os elementos dispostos sob a luz serão afetados, não só fisicamente como também simbolicamente, pois, alterações físicas determinam alterações de leituras por parte dos espectadores e, à medida que o designer domina essa linguagem, consegue agregar sentimentos e sensações à materialidade. O domínio dessa linguagem passa pelo fato de que cada minúcia empregada na distribuição das propriedades da luz nas cenas, sobre cenários, atores e elementos etc, construirá os determinantes dessa linguagem.

Ao pesquisar a luz, tal como ela se dá na realidade, dois aspectos devem ser levados em conta: o que é diferencial na luz e o que é redundante. Representar uma sala com uma geral[2] branca difusa é representar uma sala qualquer, e não especificamente aquela sala que o texto pede. O diferenciador está no conjunto, na linearidade, no aspecto difuso. Isso é o elemento redundante da luz, que ao invés de diferenciar acaba igualando. O elemento propriamente diferencial, marcante, aparece nas curvas, nos cantos, nas dobras, nos pontos de mudanças das superfícies e obviamente nas sombras. São detalhes muito sutis, estritamente ligados ao cenário, mas que têm a maior importância no processo da caracterização. Alguns conhecimentos de arquitetura, decoração, design e iluminação de interiores podem auxiliar muitíssimo nesta tarefa (CAMARGO, 2000, p. 54)[3].


Mas para que o designer de iluminação utilize essa linguagem com eficácia, ele deve, acima de tudo, conhecer as íntimas intenções subjetivas dos dirigentes e criadores das cenas. São eles que “orientam” e “dirigem” de que forma as cenas serão realizadas e mostradas para atingir os sentidos físicos e, portanto, os sentidos emocionais do público.
[1] CAMARGO, Roberto Gill. Função Estética da Luz. Sorocaba, SP: TCM Comunicação, 2000. p. 52.
[2] Iluminação geral: iluminação que abrange espaços amplos como salas, pátios, quartos etc., diferentemente das luzes focalizadas em determinados atores, objetos, que recortam espaços, estruturas etc.
[3] CAMARGO, Roberto Gill. Função Estética da Luz. Sorocaba, SP: TCM Comunicação, 2000. p. 54.

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