14 novembro 2007

Estudo das estruturas elétricas e de equipamentos


O conhecimento das estruturas elétricas é importantíssimo no que diz respeito às quantidades e posicionamentos dos equipamentos dentro dos palcos. Esse levantamento deve ser feito levando-se em consideração, também, o dimensionamento da rede elétrica. Geralmente os palcos convencionais possuem “pontos” de ligação ou tomadas estrategicamente espalhadas nas varas de luz de palco e de platéia, em torres laterais, sobre os pisos e coxias, no proscênio e nos suportes de iluminação de arandelas. O posicionamento das varas de luz e de pontos pré-determinados nos espaços definirá, inclusive a montagem cenográfica, posto que é muito mais fácil mudar o posicionamento dos cenários do que o das varas e estruturas de iluminação de palcos convencionais, que geralmente são fixas na estrutura chamada “sofita”, onde se encontra o urdimento e sua distribuição elétrica não pode ser alterada facilmente, a não ser em palcos desmontáveis, muito utilizados em shows musicais.
O dimensionamento da rede elétrica deve ser observado e estudado. Caso haja necessidade de inclusão de equipamentos que excedam os já existentes no palco e em ambientes não-convencionais, devem-se efetuar os cálculos de corrente elétrica e potência total da rede e seus respectivos disjuntores. Nesses últimos, além dos levantamentos já citados anteriormente, torna-se ainda necessário um outro, que diz respeito aos quadros de força disponíveis e suas localizações, e a secção[1] dos cabos em relação aos seus comprimentos. São nos quadros principais que os racks e dimmers[2] devem ser ligados para posteriormente distribuírem os pontos de corrente elétrica para os equipamentos. A quantidade de equipamentos determinará a quantidade de potência utilizada, que demandará uma quantidade de corrente elétrica específica em cada caso.
Quando o iluminador se defronta com espaços alternativos para montagem de sua iluminação, precisa saber muito bem como determinar a carga elétrica total exigida pelos equipamentos. Embora isso seja de responsabilidade específica dos profissionais de eletricidade, o profissional de iluminação não pode deixar esses limites técnicos e de segurança para segundo plano, sob pena de seu trabalho não poder ser realizado conforme planejado.
Geralmente, equipamentos convencionais de iluminação cênica utilizam lâmpadas de tensão 240 volts (V), assim como a saída dos racks e dimmers do sistema de iluminação.
Na maioria das mesas analógicas, esses racks ou dimmers têm seis canais com quatro entradas (tomadas) de 1000 watts (W), ou seja, pode-se plugar, em cada canal, um instrumento com lâmpada de até 1000 W de potência, ou duas lâmpadas de 500 W, ou ainda cinco lâmpadas de 200 W e assim por diante. Para cada canal, então, pode-se instalar, no máximo, 4000 W.
Essas definições são disponibilizadas pelos fabricantes de lâmpadas. Um exemplo seria uma lâmpada halógena para elipsoidal de 240 V de tensão e 1000 W de potência. Deve-se saber que os racks são ligados, geralmente, em quadros de força que, por medidas de segurança, devem possuir disjuntores automáticos. Esses disjuntores, geralmente, são termo-magnéticos, ou seja, desligam automaticamente com o aumento de temperatura e, os mais modernos, com a simples aproximação de um objeto, ser humano ou animal.
Isso acontece para que os cabos e toda a estrutura não venham a apresentar temperaturas elevadas, provocando incêndios e choques elétricos em quem os manuseia. Os disjuntores possuem tamanhos e capacidades de correntes diferentes que são dadas em ampère (A).
Supondo que esteja sendo utilizado durante o espetáculo, um pico de 20.000 W, ou seja, 20 instrumentos de 1000 W ligados de uma só vez numa iluminação geral. Para fazer as ligações seguras, deve-se determinar a corrente total utilizada, nesse caso, para não sobrecarregar o disjuntor e evitar que esse desligue durante o espetáculo. O cálculo é simples: basta dividir a potência total (20.000 W) pela tensão utilizada (240 V). O resultado, ou seja, a corrente total seria de 83,33 A.
Deve-se verificar, ainda, se o disjuntor possui capacidade maior que essa. Geralmente, trabalha-se com uma margem de 10% sobre a corrente, ou seja, nesse caso pode-se utilizar um disjuntor de 100 ampère. Isso se dá porque, se houver algum problema de superaquecimento e o disjuntor possuir uma capacidade, por exemplo, de 250 ampère, ele demorará muito para desligar, o que também não é aconselhável.
Além disso, a fiação utilizada deve ser sempre compatível com a distância entre os pontos e a grossura (secção) dos cabos. As tabelas para comprimento e secção dos cabos são distribuídas
pelos fabricantes.


[1] Secção dos cabos: medida de espessura dos cabos, geralmente em milímetros.
[2] Racks e dimmers: Sistemas analógicos, digitais ou mistos de distribuição da carga elétrica principal para os canais das mesas de iluminação.

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