23 abril 2006

O Universo da Luz


"Bem, agora que o espetáculo está pronto, podemos chamar o iluminador".

"Como assim, que tipo de clima eu quero criar? Só quero que os atores não fiquem no escuro!".

"Coloca um foco vermelho aí por que é cena de amor!".

"Quero nesse momento uma geral azul, pois a cena acontece à noite!".

"Por que eu quero um corredor diagonal? Achei bonito num espetáculo que eu vi em São Paulo e...".

Quantas e quantas vezes ouço as mesmas frases de diretores, atores e profissionais de teatro no Brasil. Gente famosa e gente que está começando. São muito poucos os que realmente conhecem a luz e suas possibilidades em cena. Com isso, os problemas estéticos e técnicos vêem à tona. Grandes e caríssimos cenários e figurinos que mudam de cores e funções como que por encanto, sob uma iluminação mal acabada. Equipamentos e filtros que são adquiridos sem conhecimento técnico e que acabam sem utilização, ou que não cumprem a função imaginada. Tempo, dinheiro e beleza que escoa pelo ralo, trazendo conseqüências desastrosas para produtores, autores, diretores, enfim, para todos, principalmente para o grande público.
Muitas vezes também os profissionais da luz são procurados no momento da criação da luz, porém já é tarde demais, cenários, figurinos e adereços já foram construídos, comprados, executados. Nesses casos, só resta mesmo aos desenhistas de iluminação tentar salvar o barco, perdendo-se assim, as possibilidades maiores da iluminação.
Há casos ainda em que diretores e produtores, sem conhecimento de custos de equipamentos e operações, "viajam" na iluminação até demais, esquecendo-se que por de trás da magia existem custos que poderiam ser minimizados com uma utilização mais sóbria dos recursos disponíveis, sem perda é claro, da qualidade estética.
Tenho tido também oportunidade de ver muita coisa boa em termos de iluminação no Brasil. Profissionais competentes, que com equipamentos que se consegue na esquina, criam verdadeiras obras de arte. Gente que conhece muito de história da arte - conhecimento importantíssimo para quem "pinta com a luz" - e que conhece muito também os aspectos técnicos da atividade. Gente de talento, que sabe captar o "invisível" do momento e transformar em linguagem plástica.
O campo da iluminação é hoje o que podemos chamar de "Um Imenso e Vasto Campo". Na arquitetura, paisagismo, televisão, dança, música, teatro, residências, fábricas, restaurantes, bares, hospitais, escolas, etc, a preocupação com a iluminação só tem aumentado. Não basta mais acender a luzinha. É preciso enriquecer o ambiente, trazer o indivíduo para "dentro" do ambiente. Criar o clima, acender a chama da emoção de achar-se vivo. Compartilhar estéticas, alterar valores, decompor o sólido em maneiras de olhar diferentes. A luz propicia tudo isso e muito mais quando bem entendida, elaborada e direcionada. O aproveitamento correto dessa fonte de beleza e encantamento necessita ser investigado, entendido e utilizado para que a vida seja mais luminosa e feliz.

Um comentário:

Anônimo disse...

MEUS PARABÉNS. FICOU MUITO BOM E MUITO BEM REDIGIDO