Com o advento da iluminação elétrica no final do séc XIX, todo um conceito de cidade, trabalho, educação, enfim, da vida nas grandes cidades estava alterado. A iluminação elétrica propiciou um maior aproveitamento do tempo e um melhor aproveitamento da vida. Onde havia trevas, agora havia luz e luz de "qualidade", pois, a luz elétrica propiciou pela primeira vez ao ser humano o dia artificial.
Na arte o impacto foi grandioso. Artistas agora podiam pintar à noite e isso passou a ser especialmente interessante. A vida dos cabarés e teatros ganhava mais emoção.Nos teatros principalmente, em pouco tempo, mudanças na tecnologia já haviam mudado estéticas. Já com a iluminação a gás, o telão, que compunha os cenários de fundo dos teatros, perdera sua graça. Com a iluminação frontal e de contra luz havia dimensão do ator e foi preciso então dar dimensão verdadeira aos cenários. Essa é apenas uma das muitas mudanças que ocorreram em função do aparecimento de novas tecnologias.
Mas não é só isso. Podemos também perceber mudanças estéticas no teatro também em relação a estados de tensão social, como no caso do Brasil das décadas de 60 e 70. Autores, diretores e grupos com visões políticas contestadoras passaram a cultivar uma estética com caráter mais "pobre". A utilização de espaços alternativos para suas apresentações fazia parte do movimento contestatório. As grandes companhias continuaram a existir e foi dentro delas que profissionais da "velha guarda" mantiveram, e alguns ainda mantêm, velhas fórmulas de construção estética. Enquanto isso, a geração de contestadores criava seus próprios signos. Na maioria das vezes, dispondo de poucos recursos tecnológicos para seus efeitos, esses profissionais compunham estéticas próprias, mais preocupadas com o discurso do que com a plástica. Depois de passada a turbulência desses anos, muitos desses profissionais ganharam o respeito do grande público. Fizeram escola e seus discípulos carregam até hoje a influência recebida de seus mestres. Espetáculos "pobres" hoje são vistos em grandes teatros que contém estruturas bem maiores do que esses profissionais dispunham na época.
Na virada dos anos 80 e 90, com o aparecimento de tecnologias digitais e com a abertura política, novamente surgem no cenário teatral propostas estéticas que premiam um pouco mais a plástica cênica, porém, agora a televisão era o ponto de referência.
Enfim o que percebemos nitidamente é que as estéticas vão sendo construídas sob a capa de influências complexas. Tecnologias, pressões sociais, modismos da televisão, etc, são fatores que nos fazem refletir a jornada da estética da iluminação e, por conseguinte, da plástica teatral no Brasil.
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